Mais votado do país dizia na campanha desconhecer atividade parlamentar.
Para ele, 'sistema da Casa é engessado por interesses políticos'.Após o primeiro ano de mandato na Câmara, o deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o Tiririca, o mais votado do país na eleição do ano passado (1,3 milhão de votos), afirma que terminou 2011 “feliz”, depois de um começo “difícil para caramba”.
Ele fez campanha pedindo voto aos eleitores sob o argumento de que "pior que está, não fica" e dizendo que não sabia o que fazia um parlamentar.
Em entrevista ao G1, Tiririca afirmou que, em um ano, aprendeu o que é a atividade parlamentar e fez “três amigos que são amigos mesmo” dentre os 513 deputados da Casa.
“Quando eu cheguei, nos primeiros meses, foi difícil para caramba. Foi tudo muito novo para mim, complicado. Fui pegando o jeito e hoje estou tranquilo. Estou até feliz. Eu pensei que no começo iam me tratar diferente, fiquei com medo de que dissessem: ‘É artista, tem nariz empinado’. Mas viram que sou humilde. Tenho até feito amizade. Tenho três amigos que são amigos mesmo”, contou o deputado federal mais votado do Brasil nas eleições de 2010.Segundo Tiririca, os amigos na Câmara são os deputados Paulo Freire (PR-SP), pastor que integra a Frente Parlamentar Evangélica; Esperidião Amim (PP-SC), ex-governador de Santa Catarina; e Francisco Escórcio (PMDB-MA), um dos principais aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Apesar de se dizer satisfeito com as novas amizades, Tiririca diz não ter “nenhum espelho” no Congresso. “Não tenho ídolo na política. Eu admiro muito o Lula e confio muito na presidente Dilma”, afirmou.
O deputado diz que o primeiro ano de mandato foi “muito positivo” e que seu principal foco são os projetos de profissionalização da atividade circense.
“Estou fazendo um barulho grande. Estou gritando, e isso é muito bom. E as pessoas estão ouvindo. Fico feliz com isso.”
Perguntado sobre a afirmação da campanha eleitoral de que não sabia o que um deputado fazia, ele disse que agora aprendeu.
“Você quer ouvir o que faz um deputado? Trabalha muito e produz pouco. Não porque não queira produzir. O sistema da Casa é engessado por interesses políticos, partidários, é muito engessado.”
Sobre o bordão “pior que está não fica”, ele disse ser “complicado” afirmar se o Congresso pode ou não piorar.
“É complicado. Não sei [se pode piorar]. Eu sou brasileiro e torço para que melhore. Eu sou brasileiro, tenho fé em Deus.”
Visitas no gabinete
O deputado afirma ter recebido durante o ano cerca de cem pessoas por dia em seu gabinete na Câmara dos Deputados.
O deputado afirma ter recebido durante o ano cerca de cem pessoas por dia em seu gabinete na Câmara dos Deputados.
“Eles vêm dizer ‘que Deus te abençoe’, rezam. Tem gente que chora, diz: ‘Que bacana te conhecer’. Ganho presente para caramba. Essa pulseirinha [após mostrar uma pulseira no pulso] ganhei de um índio. Ganho tudo que você possa imaginar. Carinho eu gosto muito. Como sou flamenguista, trazem coisas do Flamengo. Caneca, agenda, castanha do Pará.”
Tiirica diz que também chegam muitas cartas ao gabinete, que pedem “de tudo”.
“Pedem casa, tudo. Até já pediram para eu mandar uma música para o Julio Iglesias. Nem o Julio Iglesias eu conheço, mas eles querem que eu entregue”, conta entre risos.
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